HISTÓRIA DO SINDICATO


Parte I – Fundação do Sindicato


São 17 anos de lutas, de vitórias, de alegrias, de tristezas, mas,
sobretudo, de amadurecimento político e de conquistas. Atuações
que levaram o Sindicato de Porto Trombetas a ser reconhecido no
Brasil e no exterior. Muita coisa aconteceu na vida do Sindicato,
e a partir de agora você verá alguns dos fatos que marcaram a história
desta entidade, escrita com amor e convicção por quem tem a vida
sindical nas veias.

A história do sindicalismo no Brasil é marcada por grandes momentos
que fizeram da luta dessa categoria um registro político na história
da nação. O ressurgimento do movimento operário e sindical no país,
particularmente no final da década de 70, mostrou-se como o
dado mais significativo da luta pela conquista da democracia. Ao ressurgir,
esse movimento traz para o debate questões essenciais à vida de todos os
brasileiros, como o arrocho salarial e a inflação desenfreada, que se encontravam
submersas sob o manto do arbítrio e da repressão militar. A classe sindical
teve papel importante no processo de redemocratização do país, pois a partir do
momento em que se lutava por melhores salários e condições dignas de trabalho,
foi se descobrindo que através destas conquistas era possível contribuir na construção
de um país justo e soberano.

O celeiro das manifestações, das greves da classe trabalhadora contra o sistema
econômico que via os operários como mera mão-de-obra barata e não como
construtores do país, sempre foi o ABC paulista, região de grande produção industrial.
A partir da experiência daqueles trabalhadores, a luta de classe se espalhou em todo o
país, isso foi um incentivo para que as mais diversas categorias sociais também procurassem
se organizar e lutar por seus direitos, até então, suplantados pelo sistema político e econômico
perverso que beneficiavam a classe patronal.

Os trabalhadores do setor mineral de Porto Trombetas (PTR), município de Oriximiná, região do
oeste paraense, também sentiram a necessidade de organização, pois desde quando o projeto
de extração de bauxita foi instalado no município, os trabalhadores da empresa principal
(Mineração Rio do Norte) se ressentiam de uma entidade que lhes representasse.


A história da categoria começa com a decisão de desmembramento do Sindicato Trabalhadores
nas Indústrias Extrativas do Pará e Amapá (STIEPA), entidade com sede em Macapá/AP
da qual faziam parte trabalhadores da MRN, desde 1980. A decisão das lideranças da época se
deu por conta, entre outros fatores, da imensa distância entre a sede da entidade que ficava
em Macapá e a delegacia sindical instalada em Porto Trombetas. Essa distância dificultava a
atuação da diretoria que, por sua vez, não dava assistência aos companheiros de PTR. Em 1986,
Manoel Ataíde Gomes, empregado da MRN, foi escolhido como um dos delegados de base em Porto
Trombetas do STIEPA, mas o apoio devido não chegava. Em março de 1989, houve a eleição
para a escolha da nova diretoria do Sindicato em Macapá, tanto a chapa da situação quanto a da
oposição desejavam apoio da categoria de Porto Trombetas, pois era quem decidia as eleições, haja
vista ser uma base coesa com quem firmasse apoio. Para apoiar a chapa da situação, a categoria pediu
a vice-presidência e mais cinco cargos na diretoria, e mais: caso a chapa fosse eleita, após a posse,
se iniciaria o processo de desmembramento para que fosse criado o sindicato dos trabalhadores de Porto
Trombetas. Acordo firmado, acordo cumprido; e no dia 27 de julho de 1989, foi fundado o Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minerais Não Ferrosos de Oriximiná, o STIEMNFO, com sede em
Porto Trombetas. E foi a partir daquele ano que a categoria sentiu a presença e a força de um sindicato
na sua vida profissional.


As eleições - Concluído o processo de desmembramento, o próximo passo foi criar uma comissão provisória que organizasse a eleição para a escolha da primeira diretoria através de voto secreto. Os interessados começaram a organizar suas chapas. Em outubro de 1989 aconteceu a eleição e a chapa vencedora foi a encabeçada por Manoel
Ataíde Gomes que, se tornou o primeiro presidente do Sindicato de Porto Trombetas. Em 93 Ataíde foi novamente reconduzido ao cargo, até 1997. Nesse período Ataíde foi indicado e eleito para participar da Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Setor Mineral (CNTSM), como coordenador geral.

Em 1997 a categoria elegeu sua nova diretoria tendo como presidente: José Assis da Silva que foi reeleito em 2001, atualmente desempenhando o terceiro mandato. Antes, porém, José Assis foi vice-presidente em 1993. A partir de 1995 assumiu a presidência depois que Manoel Ataíde foi eleito coordenador geral da CNTSM, entidade com sede em Belo Horizonte/MG.

As lutas

Muitas lutas marcaram a vida do Sindicato que passou a ter autonomia política e poder de decisão. Lutas como o acordo coletivo que exigiu e exige competência da comissão negociadora e o apoio da categoria para que seus objetivos sejam alcançados.


     A primeira grande luta e a que jamais irá se apagar da mente da categoria foi a greve realizada pelos trabalhadores. Era maio de 1990. A Primeira diretoria ainda não havia completado 1 ano de mandato, e logo se depara com uma situação insustentável para a categoria: a implantação do Plano Collor que virou a economia do país de “cabeça para baixo”. Era a data-base da categoria e a MRN iniciou a negociação coletiva com o índice zero de reposição, para uma inflação de 84.32% (oitenta e quatro, trinta e dois por cento) o que só deixou uma saída para os trabalhadores: exercer o seu direito de greve. Foi muito difícil, pois o Sindicato não era filiado a nenhuma central sindical e sem experiência por ser novo, também não tinha apoio da mídia. Era uma luta de “Davi contra Golias”. Foram 11 dias de greve e 80% das atividades da empresa foram paralisadas. A empresa mandou buscar, em Carajás, funcionários da Companhia Vale do Rio Doce para operar seus equipamentos. Isso era ilegal, pois a lei de greve não permitia essa atitude. Diante dessa situação o Sindicato pediu a interferência da Delegacia regional do Trabalho, e que foi atendido. Porem quando a fiscalização chegou em PTR e subiu para mina a MRN (Mineração Rio do Norte) escondeu no mato e em outros lugares da empresa esses trabalhadores, ficando difícil comprovar a existência dos mesmos nos locais de trabalho indicado isto foi o qeu os fiscais alegaram. Apesar das informações que o Sindicato recebia dos nossos companheiros serem outras. E ai a situação chegou a tal ponto que a MRN pediu apoio do batalhão de choque da cidade de Santarém para amedrontar os trabalhadores e prejudicar ainda, mas as investigações. Aviões chegavam lotados de policiais militares armados como se fossem para uma guerra. Mas os trabalhadores não se intimidaram diante da repressão policial. E por isso o resultado foi à demissão de 96 empregados, alem dos momentos em que por pouco não houve morte de trabalhadores, com onze dias de paralisação todos estavam com os nervos a flor da pele. A greve terminou, mas o clima continuou tenso entre a Empresa e Sindicato, e o trabalhador era quem pagava o preço. Somente a partir de noventa e sete e que, antes de qualquer decisão extrema, o diálogo entre patrão e empregado passou a fazer parte desta relação.

     A preocupação com o custo de vida de Porto Trombetas levou o Sindicato a promover uma manifestação em 1994 em frente ao único supermercado da vila contra os preços praticados por aquele estabelecimento comercial, considerados abusivos na época. Havia produtos em que os preços chegavam a 220% acima dos praticados em outras cidades como Oriximiná e Santarém. Foi um trabalho que procurou orientar a população local, particularmente, o associado, para que não permitissem mais que seus bolsos fossem lesados.

     O resultado daquela manifestação foi o surgimento de vários mini-boxis na vila o que possibilitou a concorrência e a população passou a ter outras opções de compra, pois naquela época o supermercado era o único que comercializava em Porto Trombetas, e por isso monopolizava os preços.


     Uma questão que sempre esteve na pauta de debates do Sindicato foi o meio ambiente. Preocupada com os impactos ambientais provocados pela extração de bauxita, a entidade apoiou lutas da população ribeirinha que vinha sofrendo com a situação, como é o caso dos quilombolas que residem às margens do igarapé Água Fria.

     A interferência do Sindicato fez com que a empresa adotasse medidas como ampliação de barragem na área que recebe os rejeitos da bauxita para evitar que o igarapé continuasse sendo poluído e para que a vida dos quilombolas voltasse ao normal.


“Martelada Trabalhista” – a voz da categoria

     A comunicação é fundamental na vida do ser humano e
de qualquer instituição pública ou privada e os meios de comunicação
são importantes nesse processo. Com a necessidade de divulgar as
ações do sindicato, como também informar e formar uma
consciência crítica dos leitores de Porto Trombetas, particularmente
dos associados e seus familiares, a diretoria elaborou um informativo
batizado de Martelada Trabalhista que mais tarde foi transformado
em jornal com 16 páginas, e já está no décimo quinto ano de
existência. Criado também para denunciar as injustiças contra os
trabalhadores, para informar sobre o que ocorre em nível local,
estadual e nacional, além de notícias sobre saúde, educação, política,
economia e claro, sobre a luta sindical.
Com uma tiragem de 2.000 exemplares o jornal Martelada é distribuído
também, em Oriximiná, Santarém, Juruti, Manaus, Belém, São Luis,
São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, e em países da Europa como a
Áustria e Alemanha. Considerado a voz da classe trabalhadora de
Porto Trombetas, o jornal tornou–se um forte aliado na defesa dos
interesses da categoria.


Este é o nosso sindicato, este é o nosso instrumento de defesa dos nossos direitos...
Razão que nos faz acreditar que, na vida, vale a pena lutar!